segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Oratória: ferramenta de trabalho de um DeMolay



"As mais duráveis estruturas de pedra, os mais grandiosos monumentos feitos pelo homem se esfarelam e viram pó, ao passo que as palavras ditas rapidamente, a expressão passageira de suas fantasias instáveis continuam, não como curiosidades arqueológicas ou como relíquias veneráveis, mas com um vigor e uma vida nova e forte, e até mais vigorosas do que quando foram ditas, e, saltando um abismo de 3.000 anos, iluminam hoje nosso mundo".

Quando Winston Churchill pronunciou estas grandiloquentes e proféticas palavras, nos idos de 1908, para uma plêiade de escritores que se acotovelavam para ouvir suas preleções majestosas e carregadas de efeito, ele já tinha plena consciência de que as palavras ditas por um orador efusivo permanecem para a posteridade. Os muros da China podem ruir a qualquer momento, por mais inimaginável que isso pareça. Mas, as palavras de Confúcio correram mentes e corações durante milênios e assim perpetuarão ainda por muito tempo, quiçá para a eternidade.

As mesquitas, os minaretes árabes, as sinagogas, os templos cristãos e de todas as religiões podem sucumbir frente a algum ataque bélico, mas retumbam em todos os cantos do universo a mensagem dos profetas, dos Messias, dos Salvadores da Humanidade. A lição de amor de Jesus, por exemplo, indubitavelmente seguirá per secula seculorum.

O Templo de Salomão, que um dia abrigou a Arca da Aliança, segundo retratos históricos e bíblicos, soçobrou. Mas viceja como dantes, a mensagem de sabedoria e compaixão ilustrada pelo grandioso Rei Salomão, cujos "Provérbios" indicam como melhor caminho para a felicidade na Terra, viver sempre uma vida plena de virtudes.

Com estas observações preliminares, que buscaram tão-somente chamar a atenção dos amados leitores deste breve e singelo ensaio, envidaremos nossos esforços no sentido de demonstrar o quão importante é para um membro da Ordem DeMolay se expressar com clareza, precisão e eficiência, de modo a convencer os interlocutores e trazer ao mundo mensagens positivas e de uma vida virtuosa para uma sociedade que simplesmente despreza o valor da Oratória. E, principalmente, provar que quem fala deixa um espólio para as futuras gerações.
Desta feita, mister analisarmos, primeiramente, a origem etimológica da palavra Oratória, na busca de encontrar subsídios mínimos para compreender seu significado mais abrangente.

Oratória, portanto, advém do termo latino aratoria, orator, oratio, os quais significam, respectivamente, a arte da oratória, orador, faculdade de falar em público. Enfim, todos os sentidos combinados poderiam ser resumidos em um único só: arte de falar em público com eloqüência.
O Orador se vale de sua principal "arma", que é a linguagem para transmitir a fonte de seus pensamentos. Percebam, por conseguinte, que a linguagem é, numa analogia grotesca, uma arma comparável a um martelo, que pode servir para quebrar um vaso, ou assentar um prego e construir um móvel requintado. Destarte, a linguagem do Orador cria, destrói, incita, aniquila, sensibiliza...
Ela é um instrumento de atuação muito competente, por sinal, e que pode ser utilizado tanto para efetivar o Bem quanto o Mal. Palavras foram criadoras de grandes distúrbios e complicações no transcorrer da História. Desde os tempos mais remotos e longínquos se tem notícia de guerras que foram causadas por discussões verbais de governantes. Pequenas rixas, sentimentos baixos que evoluem e tomam formas monstruosas e destruidoras.

Num contraponto, porém, percebendo a linguagem sob uma perspectiva positiva, cite-se a memorável e indelével lição do Professor Masaharu Taniguchi, em seu livro Ensinamento da Verdade para os Jovens, vol. 2, p. 76 que diz textualmente que "boas palavras e bons pensamentos são boas sementes". Assim, quando proferimos palavras amigáveis, de carinho, com afeto e humildade, as palavras de um Orador têm efeitos magníficos de transformar homens, de criar ideais, de levantar bandeiras para o Bem, de estimular sentimentos de companheirismo e lealdade. Plantando uma semente (palavra), temos os frutos (ações positivas).
Afinal, "assim como o perfume é a expressão da flor, o pensamento é o perfume do espírito" (J.M. Macedo).

Os Oradores romanos souberam a arte da eloqüência como ninguém. Usavam o dom da palavra para convencer uma audiência e um público sedentos por ensinamentos que iriam mudar suas visões de mundo, suas expectativas, seus desejos. Sêneca, por exemplo, nos deixou um legado inestimável. A persuasão do ouvinte, a maneira de cativá-lo e de incitá-lo a agir, pensar e fazer foram seus primaciais utensílios de trabalho.

Os sofistas também foram grandes condutores de pessoas através do dom da Oratória. Sabiam eles que o conhecimento é uma ferramenta especial para aqueles que querem crescer espiritualmente, fazer amigos, imaginar situações, criar histórias, passar mensagens e, principalmente, convencer os outros a respeito das opiniões que cada um possui sobre determinada coisa.

A verdade é que falar sobre oratória é perguntar: Você quer ser alguém na vida?
Se a resposta for afirmativa, então a solução é: aprenda a falar. Se a resposta é negativa, então prepare-se para um mundo instável e incerto, pois aqueles que não sabem expor com clareza e objetividade uma idéia, não conseguem sobreviver num mundo em que a informação é o cerne de tudo. A linguagem é o principal meio de comunicação atualmente.

Fazemos esta explanação para deixar claro para os leitores que: só quem falou, disse ou escreveu algo no passado é lembrado ou tem seu nome inscrito no rol dos que passaram para a posteridade. Aqueles que viveram há 700 anos e não usaram da Oratória nem da Linguagem como um instrumental passaram despercebidos.

 Portanto, este texto mais do que um método de como é importante sabermos a origem da palavra Oratória, quem foi um bom Orador, quais os recursos para se falar bem em público, é uma EXORTAÇÃO para que todos os seres humanos, principalmente os DeMolays, utilizem o dom da eloqüência e treinem e aperfeiçoem-na ao máximo, a fim de ter seus nomes inscritos no Portal da História.

E porquê eu falo que a Oratória é mais importante para os DeMolays do que para um cidadão comum? O motivo é muito simples: o DeMolay deve ser um líder dentro de sua comunidade. E os líderes só conseguem congregar pessoal para caminhar junto consigo se der bons exemplos e se conseguir convencer seu público. Um DeMolay para liderar um grupo deve ter ousadia, audácia e iniciativa, lembrando-se, porém, das noções básicas de humildade e tolerância.
O DeMolay que quiser vencer como um líder na sociedade e estimular outras pessoas a trabalhar em prol dos mais necessitados, deve ter potencial de persuasão. Somente conseguirá movimentar o grupo se falar bem, se expor suas idéias, se trouxer à tona a vontade que brota no seu seio. Se ficarem tais idéias retidas nas profundezas mais recônditas de suas entranhas, de nada valerá, uma vez que os outros que o acompanham não terão como descobrir seus pensamentos e, portanto, não saberão quão interessante eles são. E quão proveitosos seriam se fossem aplicados na vida real.

Por muitas vezes, Irmãos DeMolays possuem grandes idéias, mas as mantêm para si, num ato egoísta. Mas, o que realmente acontece, é que na maioria das ocasiões eles não despertaram ainda do sono profundo do silêncio. O silêncio é outra arma que também deve ser usada. Mas ela é falha quando se precisa incitar, encorajar, chamar a responsabilidade e agir. Não podemos ficar quietos e moucos frente às iniqüidades que ocorrem diuturnamente em nossa sociedade.
Nasce aqui a função da Ordem DeMolay de acordá-los deste sono. Vejamos o que o Tio Nélson Ramos, Manual de Instrução, Administração e Secretaria, 1a. edição, 1998, Votuporanga,  p. 06:

"Na Ordem DeMolay o jovem é encorajado a se expressar e fazer suas opiniões conhecidas; falar com outros jovens e discutir problemas comuns à juventude e a cada um é o primeiro passo".

É aí que mora o foco de tudo: todos devem ser oradores. Oradores que falem, que denunciem, mas que principalmente, comunguem o maior número de pessoas para trabalhar pela melhoria e aperfeiçoamento de nosso mundinho...

Chegamos à conclusão de que não é preciso ser um Sêneca, um Assaf de Tiro, Oradores de renome, mas é preciso expor as idéias, inculcar nos demais a vontade de comunicar.
Fazendo isso, você já estará escrevendo com letras de ouro seu nome na História da Humanidade, como um ser que soube manusear a contento a principal ferramenta do mundo: a Oratória. Pois, "enquanto não tivermos aprendido a usar as palavras de vida, continuaremos a ser discos de cera, reproduzindo palavras numa vitrola" (WALTER DE LA MARE). 

Ir. Gabriel Menezes Figueiredo

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